Eu lembro do Odyssey... Humm. Chutlhu says... Baka Shinji Oh my... Enigmas do macaco se7e




terça-feira, janeiro 06, 2004
 
Texto Baixo

Baixo ondulante sônico grave e retumbante sincronizado no bater do coração de quem o toca friamente com mãos que não tocaram muito além de instrumentos pesados e esquecidos.
Resíduos de passados ouvidos por outros que não ele, contaminados pelas sobras não realizadas das destruições escondidas no futuro, tudo aglomerado no presente tangível que não escapa-lhe mesmo quando tudo o que ele quer é a fuga.
Baixo ondula sonicamente, agravando o retumbar da sincronia dos batimentos cardíacos dele, do instrumento no qual circulam e escorrem fluidos corporais seduzidos pela força da gravidade e pela superfície preta e perfeitamente reluzente segura e de forma equívoca mantida flutuante e suspensa.
O esquecimento talvez esteja a poucos dedilhados das quatro cordas. Quatro cordas são o fundamento de ângulos retos que correm paralelamente, espessuras diferentes com resistências diferentes aos dedos tão criteriosos que as conhecem fazem anos. Na curva do porvir, a expectativa de alcançar o vazio, a realização da fuga do que ele tão desesperadamente quer esquecer.
Esquecer esta noite.
Esquecer nada do que aconteceu, apenas o que está acontecendo.
Esquecer que foi esquecido.
A música é desajeitada e intranqüila feita de notas desencontradas em sua tentativa de fazer sentido embora sentido seja o baixo e nada além dele. Não há visão ou olfato ou paladar ou mesmo audição agora. Apenas a experiência do tatear no escuro das percepções, tentando descobrir e desbravar o caminho oculto pela ignorância. Desconhecimento em encontrar o que se procura.
Baixas ondas de som agravam a tumba em que vivem as sincronicidades batidas até a morte nos corações por elas tocados. A extensão do arremedo de música não tranqüiliza o que está morto pois o que está morto morreu de forma tão abrupta e agora está preso em sua fantasmagoria e sua maldição de assombrar e jamais jamais jamais abandonar seu local de morte.
E tudo o que sai do baixo agrava em vez de aliviar.
Tudo o que seus dedos tocam desmancha-se em infinitos pedaços que não desaparecem ou somem, mas apenas ficam lá, ficam aqui, despedaçados. E ainda despedaçam-se mais em mais partículas que se despedaçam elas também e nunca tem fim.
Nunca tem fim.
Nunca chega o esquecimento.
Nunca é forte o bastante o dedilhado. Nunca é alta o suficiente a nota para eclipsar e ofuscar a dor.
O vazio almejado é revelado como inatingível, e ele se cansa, derrotado e vencido e fracassado.
Nunca teve uma chance.
Nunca deveria ter acreditado ter uma.
Nunca importa se o sangue agora escorre de dedos lacerados por cordas que na verdade eram facas esperando serem reveladas pela tristeza e pela decepção e pela fúria.
Líquido vermelho desprovido de importância pois de onde ele vem há mais, tão mais, muito mais, o instrumento vampírico trajado de negro cintilante que zomba enquanto embebido em chuva breve e rubra que espalha-se pelo ar quando braços cansados arremessam o instrumento para seu último e melhor desempenho.
Seu som final é a batida. Sua última nota é a mais grave de todas. Quatro cordas que explodem, expulsando sangue alheio.
Nunca o delas próprio. Apenas o dos outros.
Abaixado no chão, imóvel contra ondas de pó levantadas pelo vento imaginário vindo de lugar nenhum, não há som para ser escutado, a gravidade reclama tudo para si egoisticamente, tombado agora e como coisa morta imóvel, dois olhos que sincronizam duas perfeitas lágrimas, que batem com algo que lhe parece a maior das violências quando vão de encontro ao chão, coração mudo é instrumento que não é mais tocado por ninguém, que não produz mais nota alguma, que não provoca som, que pessoa nenhuma sabe como manejar.
Seu instrumento está guardado em seu estojo torácico. Seu baixo está morto. Sua tentativa de esquecer fracassou. Suas lágrimas caíram como as de qualquer outro. Sua mente continua assombrada por fantasmas particulares e partículas fantasmagóricas. Sua imobilidade não lhe serve de conforto.
Mas é tudo o que ele tem.
Imobilidade e um coração que ninguém mais toca.
Apenas ela.
Sempre ela.

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Espírito da Escada

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