Eu lembro do Odyssey... Humm. Chutlhu says... Baka Shinji Oh my... Enigmas do macaco se7e




domingo, janeiro 11, 2004
 
Malditos Amaldiçoados

Imitação barata do que foi original
Avilte desavergonhado e banal
Grandes malditos mais amaldiçoados são
Quando os idiotas os tomam por diversão

Poetas e perdidos na vida ou na morte
Nomes que hoje possuem grande porte
Indefesos diante dos vivos estão os mortos
Estilos plagiados em versos tortos

Arte poderosa é diluída pelo tempo
Ou a percepção é que enfraquece, em dado momento?
Quando gênio é apenas outra palavra qualquer
Como Blake, Rimbaud ou Baudelaire!

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sexta-feira, janeiro 09, 2004
 
A Conversação

Eu estava lá, no restaurante, quando me virei e fui tão subitamente arrebatado do torpor que até então sentia mais em meu ser que qualquer outra coisa, torpor esse que me impedia de entrar em contato com qualquer um dos meus sentidos, todos desertores que fugiram ao primeiro sinal da fadiga mental, da depressão, do cansaço de viver que eu então experimentava e que garfadas anêmicas da salada desprovida de qualquer gosto eram incapazes de qualquer outra coisa senão fortalecer não meu corpo enfraquecido pelas tristes circunstâncias mas sim meu estado mental de lamentável e grande melancolia e quando me virei, lá no restaurante, pois a audição mostrou algum sinal de vida enfim e escutei em meio ao torpor frases, virei mas não completamente apenas o bastante para saber o que chamava a atenção morta-viva que ainda subsistia em mim e percebi que eram duas pessoas conversando numa língua que nunca havia escutado antes, e eles se olhavam e pude ver, pouco e de relance, que seus olhos conversavam tanto quanto suas bocas construídas com não outro propósito além de servir como canal de expressão de tão estranha língua que pegou minha atenção moribunda pelo pescoço raquítico e a manteve em alerta e além de olhos e bocas, vi que seus gestos também falavam entre si, três conversas ocorrendo ao mesmo tempo entre bocas olhos e mãos, e sobre o que essa multidão de dentes retinas e dedos conversava em sua língua alienígena que não fazia idéia de qual língua poderia ser, não parecia com nada europeu, e tampouco línguas do Oriente Médio ou de origem latina, ou alguma língua da Ásia ou de índios, mas também nunca escutei todas as línguas do mundo para saber ao certo, mas algo me dizia que era uma língua diferente de todas as outras, oh, mais bela que qualquer coisa jamais escutada por qualquer pessoa e que eu estava diante de algo inédito e privilegiado e pensava sobre o que eles estavam conversando, sobre o que falavam bocas olhos e mãos, e cada uma das três conversas parecia ter uma certa autonomia, uma codificação própria como se cada uma pudesse existir isoladamente, que eles poderiam apenas se comunicar com os olhos e se entenderiam perfeitamente ou então apenas com as mãos e tudo saberiam um sobre o outro, mas que assim como estavam falando todas as três conversas juntas e ao mesmo tempo algo diferente surgia e talvez isso que me dava essa impressão de algo muito diferente e sublime e alienígena, o todo maior que a soma das partes com certeza, e sobre o que eles falavam, qual assunto poderia ser digno de tal língua elevada que me hipnotizava e olhei para os lados para ver o espanto e a admiração que tomavam meu rosto igualmente presentes nos rostos das pessoas em volta perto o bastante para ver e escutar, ah, mas nada vi, como era possível, todos absortos em suas próprias conversas, e aqueles dois ou três sozinhos em uma mesa, assim como eu, com os sentidos compenetrados em prato garfo copo e solidão, e percebi que apenas eu percebia, apenas eu escutava, apenas eu via a conversa estranha e mágica e como eu gostaria de saber sobre o que eles falavam e como gostaria de saber sua língua de mistérios e como gostaria de falar essa língua perfeita com outra pessoa pois assim nós nos entenderíamos tão perfeitamente, mas meu deleite foi subitamente interrompido pelo silêncio, como uma música de um aparelho de som bruscamente interrompida por alguma queda de luz, foi luz o que senti sumir com o surgimento de silêncio crepuscular guardando no horizonte de minha mente cansada o fim da conversa, até então iluminada e aquecedora como o sol que há tanto tempo deixei de saber apreciar, e os vi, agora quietos em bocas olhos e mãos, mas o silêncio não era absoluto, pois seus olhos ainda falavam, e falavam comigo, ambos me olhavam, me encaravam e não sabia o que fazer, nem o que falar, como poderia eu falar com minha língua desajeitada e imprecisa se comparada à cadência perfeita daquele mosaico comunicativo, e não sabia o que fazer e me senti diante do fracasso que sempre foi toda e qualquer tentativa de conversar com quem quer que seja e tentar compreender o outro e me fazer ser compreendido, mas nunca consegui, nunca consegui, e fugi de todos eu acho para não ter mais que conviver com esse fracasso que é a conversação pois esta é sempre impossível e ninguém pode realmente entender ninguém a menos que se saiba a língua mágica, e os dois me olhavam ainda, e não conseguia pensar em nada para fazer, e me virei de volta, profundamente envergonhado, sem ter dito nada, nenhum pedido de desculpas pela minha indiscrição, por ser tão curioso e perturbar os outros, e esperava que eles retomassem sua conversa, mas não retomaram, quietos agora, tão quietos e todo o restaurante parecia igualmente quieto, um grande cemitério no qual todas as conversas haviam morrido, assassinadas por mim, pois me sentia assassino da conversa mágica, como se eles não quisessem que sua magia fosse vista ou ouvida por outros e eu a matei, oh, eu a matei, abaixei meu rosto para escondê-lo do restaurante e suas lápides silenciosas, para perto da salada morta em meu prato agora transformado em cova temporária de vegetais rejeitados e minha vergonha, ah, minha vergonha, pois sabia agora que todos olhavam para mim, e não olhava para ninguém para confirmar minha suspeita pois sabia que não era necessário, levantei-me para ir embora, apressei o passo e não suporto mais ficar aqui e pago minha refeição e não olho para a moça do caixa que nada diz, e o torpor de antes, oh, ele volta pior, e a tristeza e a melancolia, e tudo que quero é ir embora, mas de relance olho para a mesa deles, esperando que tivessem voltado a conversar, após eu ter me levantado, mas lá estavam eles, ainda silenciosos, ainda virados para mim, ainda me olhando com seus olhos que falavam uma língua misteriosa, e os olhos me diziam algo, eu sei, algo secreto, algo sobre eles e sobre mim, alguma coisa importante sobre mim, mas nunca soube o quê.
Eu nunca soube.

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terça-feira, janeiro 06, 2004
 
Texto Baixo

Baixo ondulante sônico grave e retumbante sincronizado no bater do coração de quem o toca friamente com mãos que não tocaram muito além de instrumentos pesados e esquecidos.
Resíduos de passados ouvidos por outros que não ele, contaminados pelas sobras não realizadas das destruições escondidas no futuro, tudo aglomerado no presente tangível que não escapa-lhe mesmo quando tudo o que ele quer é a fuga.
Baixo ondula sonicamente, agravando o retumbar da sincronia dos batimentos cardíacos dele, do instrumento no qual circulam e escorrem fluidos corporais seduzidos pela força da gravidade e pela superfície preta e perfeitamente reluzente segura e de forma equívoca mantida flutuante e suspensa.
O esquecimento talvez esteja a poucos dedilhados das quatro cordas. Quatro cordas são o fundamento de ângulos retos que correm paralelamente, espessuras diferentes com resistências diferentes aos dedos tão criteriosos que as conhecem fazem anos. Na curva do porvir, a expectativa de alcançar o vazio, a realização da fuga do que ele tão desesperadamente quer esquecer.
Esquecer esta noite.
Esquecer nada do que aconteceu, apenas o que está acontecendo.
Esquecer que foi esquecido.
A música é desajeitada e intranqüila feita de notas desencontradas em sua tentativa de fazer sentido embora sentido seja o baixo e nada além dele. Não há visão ou olfato ou paladar ou mesmo audição agora. Apenas a experiência do tatear no escuro das percepções, tentando descobrir e desbravar o caminho oculto pela ignorância. Desconhecimento em encontrar o que se procura.
Baixas ondas de som agravam a tumba em que vivem as sincronicidades batidas até a morte nos corações por elas tocados. A extensão do arremedo de música não tranqüiliza o que está morto pois o que está morto morreu de forma tão abrupta e agora está preso em sua fantasmagoria e sua maldição de assombrar e jamais jamais jamais abandonar seu local de morte.
E tudo o que sai do baixo agrava em vez de aliviar.
Tudo o que seus dedos tocam desmancha-se em infinitos pedaços que não desaparecem ou somem, mas apenas ficam lá, ficam aqui, despedaçados. E ainda despedaçam-se mais em mais partículas que se despedaçam elas também e nunca tem fim.
Nunca tem fim.
Nunca chega o esquecimento.
Nunca é forte o bastante o dedilhado. Nunca é alta o suficiente a nota para eclipsar e ofuscar a dor.
O vazio almejado é revelado como inatingível, e ele se cansa, derrotado e vencido e fracassado.
Nunca teve uma chance.
Nunca deveria ter acreditado ter uma.
Nunca importa se o sangue agora escorre de dedos lacerados por cordas que na verdade eram facas esperando serem reveladas pela tristeza e pela decepção e pela fúria.
Líquido vermelho desprovido de importância pois de onde ele vem há mais, tão mais, muito mais, o instrumento vampírico trajado de negro cintilante que zomba enquanto embebido em chuva breve e rubra que espalha-se pelo ar quando braços cansados arremessam o instrumento para seu último e melhor desempenho.
Seu som final é a batida. Sua última nota é a mais grave de todas. Quatro cordas que explodem, expulsando sangue alheio.
Nunca o delas próprio. Apenas o dos outros.
Abaixado no chão, imóvel contra ondas de pó levantadas pelo vento imaginário vindo de lugar nenhum, não há som para ser escutado, a gravidade reclama tudo para si egoisticamente, tombado agora e como coisa morta imóvel, dois olhos que sincronizam duas perfeitas lágrimas, que batem com algo que lhe parece a maior das violências quando vão de encontro ao chão, coração mudo é instrumento que não é mais tocado por ninguém, que não produz mais nota alguma, que não provoca som, que pessoa nenhuma sabe como manejar.
Seu instrumento está guardado em seu estojo torácico. Seu baixo está morto. Sua tentativa de esquecer fracassou. Suas lágrimas caíram como as de qualquer outro. Sua mente continua assombrada por fantasmas particulares e partículas fantasmagóricas. Sua imobilidade não lhe serve de conforto.
Mas é tudo o que ele tem.
Imobilidade e um coração que ninguém mais toca.
Apenas ela.
Sempre ela.

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Espírito da Escada

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