Eu lembro do Odyssey... Humm. Chutlhu says... Baka Shinji Oh my... Enigmas do macaco se7e




segunda-feira, janeiro 28, 2008
 
“Como Odeio Metalinguagem!”

O romance entre eles atravessou distâncias, tanto as físicas quanto as abstratas. Eles venceram as diferenças de classe, as objeções das famílias, a intriga da irmã gêmea invejosa, a ambição mesquinha do tio rico...
Foi um ano de provações e testes, e agora tudo estava certo. Tudo estava perfeito. Sem mais impedimentos, era só esperar a conclusão da história. Um final feliz, como o que eles fizeram tanto por merecer.
Simples assim. Um final feliz.
Mas o escritor está com bloqueio, e o romance travou justamente na hora de dar o final para a história...
“Bloqueio de escritor”, resmunga o autor para sua esposa. “Maldito bloqueio de escritor”. Ela lhe diz que ele logo encontrará o final, pois deve haver um final em algum lugar, esperando ser encontrado por ele. Ele diz “eles não caem do céu, nem caem de árvores, nem surgem do nada. Eles, os finais, são trabalho. Chega-se a eles através do trabalho, e é isso o que eles são. Apenas isso, nada de esotérico envolvido”.
As opiniões de sua esposa às vezes o irritavam, por serem pouco realistas, segundo seu modo de ver as coisas. Embora a irritação causada por essas opiniões quase místicas não o impedissem de pedi-las à esposa...
Uma verdade que ela lhe jogava na cara, invariavelmente.
Enfim, o final. Um final. Qualquer final? Não, qualquer final não. O final certo, lógico, que seja decorrência natural de toda a história contada até o momento.
“O final está lá, esperando em alguma lugar”, as palavras de sua esposa repetem-se em sua cabeça...
“Eles, os finais, são trabalho. Chega-se a eles através do trabalho...”
Ao trabalho, então...
Tela de computador ligada, editor de texto, teclado silencioso, intocado durante longos minutos, dezenas de longos minutos.
Até que ele digita, impulsionado por algo que ele não sabe o que é, nem de onde vem...
Ele lê na tela: “Está difícil, não é?”
No editor de texto, ele mesmo digitou essas palavras. Ele responde: “Sim, está. Alguma idéia?”
“Hum, não entendo. Já não está tudo certo conosco? Digo, a irmã gêmea má foi desmascarada, e o meu tio rico e mesquinho está na rua da amargura. Eu já pedi ela em casamento, e tudo parece bem. Digo, estou feliz com as coisas como estão. O que falta escrever?”
O escritor lê o que escreveu. Seu personagem principal está conversando com ele. O escritor lembra que sempre odiou recursos metalingüísticos, e pensa em apagar toda essa bobagem da tela do computador. Mas ele pensa um pouco mais, e decide responder, em vez de apagar.
“Falta algo. Você não tem como perceber, porque não tem a mesma visão que eu. Eu tenho a visão de deus aqui, sabe. Narrador onisciente. Sei de tudo o que acontece, tudo o que vocês pensam e dizem, e porque pensam o que pensam, porque dizem o que dizem. Eu sei de tudo.”
A resposta do personagem demora um pouco, mas logo ela surge: “Sabe de tudo, menos como terminar, pelo jeito...”
O escritor sorri. Um sorriso sem alegria alguma, mas um sorriso, assim mesmo. Ele escreve: “Alguma sugestão? Talvez, estando em outra situação que a minha, com outra perspectiva, você possa ver o fim, ou como ele deve ser.”
A resposta não aparece de imediato. “Ele deve estar pensando”, pensa o escritor.
“Hum, fui falar um pouco com ela, já que isso afeta ela tanto quanto eu. Eu a amo, você sabe, mesmo quando ela tem aquelas opiniões esquisitas. Ela me disse que na verdade gostaria que você reescrevesse tudo, desde o começo, para ambientar a história no começo do século 20, porque ela adora as roupas daquela época... Eu disse que não parecia a coisa mais prática para se fazer, e ela me criticou por isso. Que sempre penso em coisas práticas, que não sou romântico. Mas gosto disso nela. O gênio forte”.
Antes que o escritor respondesse, outro comentário do personagem: “Mas é uma idéia, não é? Digo, ambientar a história nos anos vinte...?”
“Não, não, tarde demais para isso. Tenho prazo, e meu editor me cobra o livro toda hora. E mudar a época da história não iria me dar um final para ela, necessariamente...”
“Hum, é verdade. Olha, que tal bebês? Terminar com uma cena no hospital, ela tendo, sei lá, três, quatro bebês de uma vez só e...”
“Ah, enlouqueceu, é? Três ou quatro bebês? Acha que é assim, só escrever e pronto? Claro, afinal quem vai ter que fazer o trabalho sou eu... Homens acham que é só falar e pronto! Ora!”
O escritor não esperava que sua outra personagem principal também participasse da conversa. Ele leu na tela: “Calma, amor, foi apenas uma idéia...”
“Péssima, na minha opinião...”
“Hum, mas se estivéssemos nos anos vinte, como tu gostaria, seria bem adequado termos quatro filhos.”
“Mas não precisa ser quatro de uma vez só, também! E acho que se estivéssemos no passado, não gostaria de ter filhos. Os hospitais não deveriam ser grande coisa naquela época. Acho que não era muito higiênico ter filhos antigamente.”
“...que coisa para se dizer. Depois eu é que não sou romântico...”
“Bem, estou apenas sendo um pouco prática, ao contrário de ti, que é sempre prático demais. Menos com essa história de quatro filhos, claro...”
“Olha, não vamos discutir por causa disso, certo? Digo, depois de tudo pelo que passamos para ficarmos juntos...”
“Mas não estou discutindo, ora...”
E eles ficaram assim, discutindo.
Por longos minutos, dezenas de longos minutos.
Era assim que deveria terminar? Com eles discutindo? Brigando? Esse não é um final feliz, com certeza. Esse não é o final que o escritor queria.
O final que ele queria...
“E qual é esse final?”, ele se pergunta.
E é aí que eu resolvi me meter na história, porque acho que isso já está longo demais e tolo demais. Eu disse para o escritor: “Olha, termina contigo se inserindo na história, usando de metalinguagem, conversando com os dois protagonistas, que se revelam como dois idiotas que na verdade não se suportam, e no fim do fim você escuta uma voz vinda de não se sabe de onde, que lhe diz como as coisas terminam.”
“Pode ser?” eu lhe pergunto, por fim.
Ele considera minhas palavras, e apenas murmura, ressentido e sem convicção: “O livro não vai vender nada com um final desses...”
E completa: “Merda, como odeio metalinguagem!”
E foi assim que terminou a história.
Melhor que ter visão de deus é agir como um.

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(Texto velho, do início de 2004. Reposteando por falta de assunto. Para variar. Lembro claramente de tê-lo escrito em uma tarde, durante meu período de escragiário do Feudo RS, setor de certa *bip*teca pública estadual. Era eu brincando de Grant Morrison de novo. Ou algo do gênero. Para variar. No geral, é pífio, & o texto não é bom [os diálogos do casal, principalmente], mas ainda assim, gosto de pensar que vale alguma coisa pela brincadeira. Mesmo porque não passa disso, afinal.)

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O sorriso de Bobby Peru

Quando escrevi isto aqui, em dezembro, eu imaginava que as referidas mudanças iriam ocorrer logo em seguida. No mais tardar, na virada do ano. Não ocorreram. Atrasos disso, atrasos daquilo...
Agora mesmo, questão de poucos minutos atrás, mais alguns móveis foram levados daqui para seu novo destino. Eu ainda fico mais alguns dias.
Iria entrar em férias nesta sexta, dia 1º, mas por causa dos atrasos, posterguei. Férias serão ainda em fevereiro, mas um pouco mais tarde.
Ainda sobre o post acima linkado, nada de tijolaço. Exatamente como já suspeitava no próprio post, então estou mantendo certa coerência interna. O que não quer dizer nada. A coisa de coerência, digo, pois alguém coerente é provavelmente coisa que não existe.
Dizer para depois desdizer.
Agora, isso sim é que parece poder levar para algum lugar.

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& nada com nada aqui, mas revi Coração Selvagem dias atrás. Uns, deixa ver... 17 anos desde a primeira & última vez em que assisti o filme. Lembrava de várias coisas & cenas, mas tudo desordenado. &, para meu assombro, não lembrava do que achei de melhor no filme, agora que o revi: Bobby Peru. Personagem de Willem Dafoe, fantástico, com seus dentes podres esbanjando simpatia. Grande Bobby Peru.
Agora, o Lynch exagerou um pouco com a história do Mágico de Oz. Enquanto via o filme fui lembrando da forma martelada com que Oshii trata a metáfora da Chapeuzinho Vermelho & o Lobo Mau em Jin-Roh, grande problema de um filme que, sem isso, teria sido perfeito. Mas no caso do Lynch, o exagero se defende & justifica, pensando-se à respeito. Em Coração Selvagem, exagero é a alma do negócio. Sutilezas não têm vez.

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sábado, janeiro 12, 2008
 
Coilhouse

& terminando por hoje, um site/blog que sempre tem coisas interessantes: Coilhouse.
Entre tantos outros, este post aqui me chamou a atenção: livros autopsiados. As imagens falam por si mesmas. Excelente conceito.

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Ursinha carinhosa

Quarto, & mais um lembrete para mim mesmo do que qualquer outra coisa: vai ler logo todos aqueles volumes de MPD Psycho que baixou, vadio.
Pronto.
Está dado o recado.

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Chn I hhlp yhh?

Terceiro, cena de uma das histórias do volume 2 (ou será do 3?) de Empowered, HQ satírica de Adam Warren.
Aqui, a protagonista se disfarça de “sexy librarian” para fisgar um supervilão, Idea Man, que tem fetiche por *bip*tecárias.
Er...
Humm...
Ora, & quem não tem?

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Marc Hempel!

Segundo, Marc Hempel retorna a Sandman.
Mais ou menos.
Primeira de sete páginas de HQ online que pode ser lida no link.
Lá pela terceira página, a coisa entra pelo buraco. Tipo Alice, sabe...

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No hay esperanza

Na falta de texto, vai imagem mesmo.
Primeiro, diagrama de Robert Crumb, que nos ensina a importante lição de que, no fim das contas, não há esperança.
(mas há versão maior & colorida, via click...)

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Espírito da Escada

Espírito da Escada

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