sábado, agosto 11, 2007
A Resposta
Ele me perguntou.
E eu pensei bastante à respeito.
Minha mente começou uma viagem expansionista, com a consciência dilatando-se como um músculo recém-descoberto, nunca plenamente utilizado até então. Percebi, não sem assombro, minhas sinapses batendo velozmente, como micro-corações em franca erupção cognitiva. Como minúsculos vulcões, expelindo lava, estranhamente fria, embora ainda líquida e fluida. Semelhante ao lodo primordial, verdadeiro pai do primeiro dos homens, barro moldado por caprichos casuais, efeito desprovido de razão, areia e água, massa disforme indistinta. Rasgando o país imaginário da simbologia, do passado distante e do futuro que agacha, a esperar com expectativa seu próprio envelhecimento, sua transformação no que aconteceu. Rompendo, rupturas incessantes sucedem-se no tecido da memória, cortes profundos que mesclam-se à lembranças, transformando-se numa mesma e única coisa. Como assassinos neurais assassinando dados há muito armazenados, e nisso assassinando a si mesmos. Assassino e assassinado como uma só coisa. Como um suicida. Que assiste ao corte agora parado, a regeneração dos tecidos da imaginação agindo, buscando sanar suas rupturas recém causadas. O cérebro recobra-se do esforço desbravador, e percebe que há algo o chamando, de distâncias por demais pretéritas. Algo exterior, alienígena ao seu país de pensamento e reflexão. Uma presença que tenta adquirir força, que busca cumplicidade na compreensão do desconhecido. E é então que eu percebo que alguém me faz uma pergunta...
Ele me perguntou a mesma coisa, novamente.
Eu respondi:
— Hã...?
*******
(Ah, bem, certo, é idiota, mas não tenho mais nada para postar, então reposteei isso aí, escrito lá pelo começo de 2004, quando ainda escrevia essas coisas, porque eu ainda achava que talvez servisse para coisas. Fase. Passou. Mas se a execução do troço acima deixa a desejar, pelo menos ainda gosto da idéia em si. Admito, sou fã do hã...?)Marcadores: Enigmas do macaco
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