Espírito da vingança : O por quê

É sempre assim, quando decido parar & escrever, os vários assuntos sobre os quais eu poderia discorrer debilmente & que me tomam a mente quando não tenho interesse em escrevê-los me escapam por completo.
É sempre assim.
Humm...
Ah, lembro agora de um dos tais assuntos.
Começa com um pouco de História Antiga...
...pois alguns anos atrás eu estava experimentando com esse negócio de mailing list, para ver como a coisa funcionava. Acabei assinando a mailing list do Sépia, dedicada a coisas góticas & quetais.
Recebia bastante mensagem até, mas boa parte era a mesma mensagem encaminhada diversas vezes pelos diversos integrantes da lista. Também havia muita propaganda dos eventos noturnos de São Paulo, & o eterno, inesgotável & completamente dispensável dilema “o que significa ser gótico” & variantes.
& assim fiquei, por meses, mas apenas recebendo as mensagens, jamais enviando nenhuma.
Até que (porque tinha que haver um “até que”...), numa prosaica noite, na época na qual eu ainda era monitor preto & branco do laboratório de informática de minha ex-faculdade, uma certa-então-colega apareceu, como às vezes ela aparecia. Quando de sua entrada no recinto, eu estava no fundo da sala que servia de laboratório, olhando algum e-mail recebido da supracitada mailing list gótica. Vendo ela se aproximar de mim, & logo imaginando que minha paciência seria testada (como era, habitualmente, testada...), fechei minha conta de e-mail, & deixei de usar aquele computador. Ela, então, apossou-se dele, & fui tratar de algum assunto laboratorístico, que exigia minha atenção.
Qual não foi a sensação desagradável que senti quando escutei a risada de satisfação daquela minha colega...
Aproximei-me dela, curioso por saber o que ela já tinha encontrado de tão engraçado no computador que eu acabara de deixar, quando vejo a minha conta de e-mail aberta defronte a ela, & com clara indicação de que um e-mail havia dali saído segundos antes.
Pois é.
Pensei que havia fechado minha conta, mas pelo jeito não fechei. & essa minha boa colega decidiu mandar uma mensagem em meu nome.
Obviamente, para a tal da mailing list gótica (afinal, não fiquei mencionando ela anteriormente por nada...). Agora não lembro do conteúdo exato do texto que minha colega redigiu nos seus poucos segundos de falsidade ideológica, mas creio que foi algo mais ou menos assim: “Vão à merda, seu bando de morfetos!”, sendo que, cabe esclarecer, “morfeto”, para ela, é um termo equivalente à “gótico”, mas com sentido mais pejorativo...
Um ou dois dias depois, parei de receber as mensagens da mailing list.
Ironia é que nunca havia enviado mensagem, & quando “enviei”, não fui eu... Tsc.
Quando ela percebeu que eu não estava achando tanta graça no que ela havia feito quanto ela tão claramente achava, tratou de pedir desculpas & mais desculpas.
Que não foram prontamente aceitas, principalmente porque não gosto nem um pouco da idéia de alguém invadindo alguma conta de e-mail minha & mandando mensagem em meu nome...
Mas continuo & concluo isso mais tarde, mesmo porque ainda nem cheguei ao ponto principal: um mesquinho, torpe & doce pensamento de vingança que venho tendo, desde que soube de algo muito apropriado & potencialmente divertido...

escrito por Thiago : 20:58 :