O Grande Momento da Semana
Cantam os bardos que, numa distante sexta-feira desta semana,
durante visita breve à alva pessoa que no Setor trabalhava então,
o portador de papéis de suma importância, por inércia mundana,
permaneceu no local por algumas horas, para uma longa saudação.
Trajado no seu habitual preto de bons agouros & boas notícias,
o Visitante entregou os papéis à sua dona por direito.
E conversas frugais & agradáveis ocorreram, sem malícias,
entre o Visitante de preto & a estagiária... que belo feito!
Assuntos diversos foram por ambos abordados com bravura,
arranhões estranhos feitos em sonho, & outras coisas mais.
Embora o cansaço causado por calor excessivo (que fervura!)
afetasse a ambos, fonte de sonolência & fadiga quase iguais.
Outra estagiária logo se junta aos dois, jovem menina abelhuda,
& falsos nomes vêm à baila, será aquele usuário Caim ou Abel?
Investigações são feitas, uma busca pela verdade profunda,
mas a dúvida permanece, & o nome verdadeiro só sabem os Céus!
& chega então o momento fatídico do dia & da tarde quente
quando um usuário pede uma caneta emprestada à alva simpatia.
A caneta (oh, é ela preta!) é por ele levada, para uso urgente.
Se bem que o consulente logo retorna, pois a caneta estava vazia!
Caneta preta vazia, caneta preta vazia!, que falta de cuidado!
Mas outra caneta é emprestada, azul como apenas o azul é.
& o cadáver da caneta vazia inútil no lixo é imediatamente jogado...
Mas, ai!, tragédia!, uma caneta preta tão nobre que ninguém quer!
Sensibilizado pelo triste destino da pobre carcaça & de sua tampinha,
o Visitante, num salto!, vai ao lixo para um resgate perpetrar.
& metendo a mão entre a papelada, ele diz "oh, será minha!"
Caneta preta & morta recuperada, seu salvador a comemorar!
O grande momento da semana foi esse resgate de coisas preciosas,
uma caneta sem tinta & sua tampinha tão nova quanto ideal.
& saiba que se tratava de uma bic comum, simples mas obsequiosa,
esse tesouro sem preço que nem chega a custar um real!
O Visitante perguntou se poderia ficar com a tampinha quase extinta
& lhe disseram que sim, tal objeto importante já era de sua posse.
Mas não satisfeito, ele pegou tampinha de outra caneta ainda com tinta,
Para assim comparar as duas & escolher a melhor, fosse qual fosse!
Diligente em sua comparação de tampinhas pretas, foi ele considerado
lamentavelmente ruim das idéias, chato, idiota & até mesmo guei.
O Visitante estava certo de suas exigências de qualidade, por outro lado,
pois afinal ele mesmo disse que “a melhor tampinha eu peguei!”
& assim ocorreu o grande momento da semana na vida do Thiago,
que voltou para casa com uma tampinha preta, nova como folha alguma.
Vida admirável é aquela em que não é necessário vender ao diabo
aalvaalma para obter tampinha para uma caneta que não tinha nenhuma!
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(Coisa de março de 2004. Publicada originalmente no meu finado blog. Baseado em episódio verídico, logo após o término de meu estágio no local em questão, uma certa *bip*teca pública estadual. Uma das pessoas citadas até me disse hoje que se lembra do ocorrido, para minha vergonha. Eu não lembro. Ah, bem, esse tipo de coisa é divertido de fazer, embora trabalhoso. Talvez eu tente algo assim de novo daqui a três anos...)Marcadores: Chutlhu says..., Enigmas do macaco
Agora, hoje em dia não consigo mais escrever esse tipo de coisa. Não tenho vontade.
E reativar o antigo? Nah, aquilo lá morreu de vez, não volta mais, mas obrigado por lembrar do finado.